Com a fachada de 15 metros voltada para o arvoredo do bairro do Jardim Europa e para o por do Sol, a reforma teve como primeira ação, integrar os três ambientes originais – sala e dois dormitórios -, considerando a necessidade do proprietário de ter apenas um quarto. Unificada pela demolição das paredes, a sala ficou iluminada por três janelas, que por sua vez, foram emolduradas por estantes de aço especialmente projetadas. Assim, a fachada mais vulnerável ao ruído externo se reforçou como barreira acústica com um volume de livros e ofereceu a possibilidade de organizar 3 ambientes de convivência.
As outras intervenções foram decorrências desta. A cozinha e a sala de jantar foram reorganizadas na área antes ocupada pela própria cozinha, área de serviço e dormitório de empregada. Desta forma, o conjunto de salas abriu-se também para Leste para criar mais uma fonte de luz e ventilação naturais, por meio da fachada original de cobogós.
O fato de intervir em um edifício construído há 50 anos exigiu flexibilidade do estudo de projeto considerando a inexistência de documentos relativos à construção. A demolição foi conduzida como um processo de prospecção da estrutura original. A instrução de projeto foi evidenciar os elementos de concreto (vigas e pilar) presentes na sala expondo o material.
Outras instruções de projeto foram: a completa substituição das redes de instalações elétricas e hidráulicas; as esquadrias de madeira foram trocadas por peças de alumínio com vidros laminados mantendo o padrão de funcionamento e cor das fachadas.
O critério para revestimento das superfícies foi adotar materiais de simples execução e econômicos. Os revestimentos de piso originais foram removidos e substituídos por cimentado, exceto no banheiro que foi revestido com pastilhas de vidro. As paredes foram pintadas com látex branco, com a neutralidade necessária para receber a coleção de obras de arte do proprietário; o teto, mantida a laje, foi pintado de branco e atua como plano refletor da iluminação indireta instalada.